terça-feira, 21 de agosto de 2012

O outro lado da liberdade religiosa

 "E João lhe respondeu, dizendo: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue.
Jesus, porém, disse: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim.
Porque quem não é contra nós, é por nós." 

Marcos 9:38-40


   O Brasil tem em sua democracia o principio da liberdade religiosa, inclusive com garantias legais, tal princípio soma-se a outros como liberdade de expressão, de ir e vir, entre outros. Tais direitos foram uma conquista importante para consolidar o Brasil como um Estado democrático em que os direitos básicos da população são respaldados pela constituição.
   A liberdade de religião serve para que o estado não coloque um cabresto na fé, tendo uma religião oficial e estatal, forçando ao povo a crença pela força, não pela fé, mas uma liberdade religiosa excessiva é um verdadeiro desastre quando dá lugar a um verdadeiro celeiro de aberrações e crendices.
   Penso eu que o estado teria que ter um papel fiscalizador para coibir os abusos causados pela liberdade excessiva, como a proliferação de falsos profetas e visionários que destroem a vida de pessoas com seus falsos augúrios, além dos falsos curandeiros que causam mais danos que bem aos enfermos que negligenciam o tratamento convencional em nome da fé,quando ambos tem que andar juntos, pois Deus deu sabedoria ao médico para que  este pudesse cuidar dos doentes.
   Não podemos esquecer dos falsos mercadores da fé, que barganham as bençãos de Deus com valores materiais, na base do quanto mais se dá mais se ganha, trazendo enormes prejuízos para milhares de pessoas de boa fé que caem nesse engodo movidas pelo desespero, no ardor de uma mudança de vida, na solução de suas misérias. 
   No entanto em nome da pretensa liberdade de religião e culto nada se faz contra tais charlatões, que ao invés de serem impedidos de agir na malícia, se multiplicam, arrebanhando um povo crédulo e simplório, já tão acostumado a ser manipulado desde a época da colonização.
   A fé tem que ser livre, mas o charlatanismo não, a religião tem que ser liberada, mas os embustes nunca, e enquanto estivermos de braços cruzados o falso evangelho só tende a crescer, devemos denunciar o balcão de comércio que existe em determinadas igrejas, centros, terreiros e templos dos mais diversos que abrem a cada esquina sem nenhum controle nem fiscalização.
   A fé em Cristo por si só já é uma verdadeira liberdade religiosa, pois ele falou que se conhecermos a verdade a verdade nos libertará(João 8:32). A fé não é algo que se compra,é dom de Deus(Efésios 2:8).
   A verdadeira Igreja não precisa da pretensa liberdade estatal, pois mesmo sob a perseguição de estados totalitaristas e/ou ateus, ou sob o governo aonde a religião oficial não permite manifestar a fé em Cristo essa Igreja Una,Santa e Universal tem sido fortalecida, e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela(Mateus 16:18).
   Muitos cristãos querendo justificar a multiplicidade de igrejas com as mais diversas doutrinas usam o texto de marcos citado acima, dizendo que tais igrejas estão pregando a Cristo, logo não são contra nós, mas o Cristo que pregam é um Cristo de barganha e não o Cristo que diz que: "no mundo tereis aflições..."(João 16:33).
   Que venhamos a chamar a todos para a fé genuína, orando para que Deus venha limpar o joio do trigo(Mateus 13:30), pois se o Estado não vê o que acontece em nome da religião temos um Deus que tudo vê(Jó 28:24) e que é justo juiz(Salmo 7:11). 


   Que Deus nos abençoe
    Em Cristo
Mons. ++Dom Rodrigo Faddoul