sábado, 22 de setembro de 2012

O Patriarcado Ecumênico de Constantinopla


   No meu post anterior eu falei sobre a canonicidade dos patriarcados e sobre os patriarcados não canônicos,abaixo reproduzo um texto da Igreja Ortodoxa Grega sobre o patriarcado de Constantinopla.


O Patriarcado Ecumênico de Constantinopla


   

Principal centro eclesiástico da Igreja Ortodoxa em todo o mundo, o Patriarcado Ecumênico tem seu fundamento histórico no Pentecostes e nas primeiras comunidades cristãs fundadas pelos santos Apóstolos.

Conforme a Tradição, Santo André, “o Primeiro-Chamado“, anunciou o Evangelho nas vastas regiões da Ásia Menor, do Mar-Negro, da Trácia e da Acáia onde foi martirizado. No ano 36 d.C fundou a Igreja Local em Bizâncio, às margens do Bósforo, mais tarde, Constantinopla - cidade de Constantino (atual Istambul, na Turquia). Santo André, o santo Patrono do Patriarcado Ecumênico, é comemorado no dia 30 de Novembro no calendário eclesiástico.

O título de Patriarca Ecumênico data do 6º século d.C, sendo um privilégio histórico exclusivo do Arcebispo de Constantinopla, ultrapassando as fronteiras estatais e étnicas. O Patriarca Ecumênico é o Líder espiritual de aproximadamente 300 milhões de cristãos ortodoxos em todo o mundo.

O Patriarcado Ecumênico






O Patriarcado Ecumênico tem sua sede em Constantinopla, atual Istambul, na Turquia. É também denominado “Igreja de Constantinopla”, ou “Santa Grande Igreja de Cristo”. Os teólogos não ortodoxos e os estudiosos usam habitualmente a expressão convencional de “Igreja do PHANAR”. 

Esta Igreja nasceu da pregação do apóstolo Santo André e, por isso, é uma sede apostólica. A partir de sua fundação, o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla assumiu o papel de guia espiritual, de promoção civilizadora e de influência mundial. Por vários séculos, povos e nações tiveram a positiva influência do Patriarcado Ecumênico e, graças à feliz ação evangelizadora e missionária irradiada desde este Centro, “ressuscitaram em Cristo”. Assim se formaram diversas Arquidioceses Ortodoxas que, sob a fúlgida guia espiritual e proteção da sede constantinopolitana, defenderam a fé cristã das várias heresias que a ameaçavam.

O Patriarcado Ecumênico é um dos cinco antigos Patriarcados da Una, Santa, Católica e Apostólica Igreja. No primeiro milênio a Igreja, como é conhecido, era constituída pelos Patriarcados de Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém. Após o cisma de 1054 a Igreja indivisa do primeiro milênio se dividiu na Igreja Ocidental (o Patriarcado de Roma) e na Igreja Oriental (os outros Patriarcados do Oriente). No seio destes últimos o Patriarcado de Constantinopla assumiu o primeiro lugar como juiz plenipotenciário na eventualidade de disputas de qualquer espécie entre os outros Patriarcas. 

A proeminência do Patriarca de Constantinopla já é atestada no século VII quando passou a receber o título de “Ecumênico”. Tal expressão indica o seu primeiro posto – primus inter pares – quer pelo poder assumido, quer pelo esplendor espiritual entre todos os Patriarcas do Oriente.

Compete ao Patriarca de Constantinopla: 

Convocar Sínodos, Pan-ortodoxos, ou Locais;
Exortar os Metropolitas e vigiar sua atuação;
Julgar e decidir em mérito a instâncias, recursos etc., da parte dos Metropolitas;
O direito do “Stavropighion”, isto é, o direito de pôr sob seu controle direto os mosteiros e as igrejas dos bispos sob sua jurisdição.
Após a queda do Império Otomano o Patriarcado Ecumênico foi reconhecido como “Instituição Pan-ortodoxa”. Durante a Conferência Pan-ortodoxa de 1961, na ilha paulina de Rodes, o Patriarcado Ecumênico, por unanimidade, foi reconhecido como representante espiritual da Ortodoxia. Sob a guia do Patriarca Ecumênico Atenágoras I, o Patriarcado Ecumênico distinguiu-se particularmente, elevando-se a um plano de notável prestígio. Recentemente, com a guia do Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, atingiu um alto nível de honra e respeitabilidade.





Atualmente, seguindo a indicação de seu predecessor o Patriarca Dimítrios I, de santa memória, o Patriarca Bartolomeu I continua o sereno “caminho de amor, de paz e de unidade”, visitando os antiqüíssimos patriarcados do Oriente Ortodoxo e se encontrando com povos e autoridades religiosas e políticas. A todos dirige sua afetuosa mensagem de paz e de unidade.

Através destes discursos iluminados pela Fé e de Esperança, o Patriarca Ecumênico se faz próximo dos povos que sofrem, demonstrando seriedade, dignidade e sabedoria em sua missão e sua feliz atividade em seu favor. Desta maneira, suas intervenções testificam sua colaboração pela consolidação da paz no mundo, pelo cessar da guerra, pelo respeito ao homem e a sua liberdade, pois o homem, sendo criado por Deus, é a sua imagem e semelhança e tem direito a uma vida digna e a uma verdadeira prosperidade.

Fonte: http://www.ecclesia.com.br/patriarcado_ecumenico/

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A moda do patriarcado

 

   Nos últimos tempos tem crescido cada vez mais o número de igrejas católicas, anglicanas e episcopais independentes, e junto com tais igrejas surgem também uma miríade de novas doutrinas.  Vemos igrejas ditas anglicanas se romanizando, igrejas ditas católicas se anglicanizando, e por fim não sabemos mais o que é o que nesse meio multieclesiástico.
   Porém a moda recente é a do patriarcado, é cada vez maior o número de igrejas independentes cujo primaz se auto denomina patriarca.  Entretanto, apesar de pela lei poderem se intitular como tal, canonicamente é um título nulo.
   O título de patriarca foi concedido aos bispos primazes das cinco cidades que receberam a pregação de um apóstolo e cuja igreja tem raiz nesse apóstolo, as cidades que se constituíram importantes centros do cristianismo nos primeiros séculos, a saber:  Alexandria, Jerusalém, Antioquia, Roma e Constantinopla.
   Tendo se afastado do oriente, o bispo de roma adotou somente o título de papa(embora nos primeiros séculos outros bispos também se chamassem de papa), e em tempos mais recentes abdicou do título de patriarca de Roma. Porém o papa ainda nomeia alguns patriarcas, como o patriarca de Lisboa e o de Veneza, e os patriarcas das igrejas orientais uniatas, como a Melquita e a Maronita por exemplo.
   O patriarca de Constantinopla é conhecido como patriarca ecumênico, e é dele a coordenação de unidade entre as igrejas ortodoxas, que em sua maioria são autocéfalas.  O patriarca de Constantinopla também é responsável pela criação de novos patriarcados, nas nações ortodoxas mais proeminentes, como é o caso da Rússia, por exemplo.
   Vimos então que para um título de patriarca ser canônico ele tem que estar ligado aos patriarcados originais, seja como primaz desses patriarcados, ou bispos de uma igreja autocéfala em comunhão com tais bispos, tendo recebido o patriarcado por meio do reconhecimento da comunhão ortodoxa, na pessoa do patriarca de Constantinopla.  Não sendo assim, um patriarcado não tem valor canônico, sendo apenas vaidade de vaidades, como já dizia Salomão.
   Volto a repetir que por lei todos podem se denominar como bem entenderem, podem se proclamar patriarca, ou até mesmo papa, mas a lei do homem não traz canonicidade eclesiástica.
   Quanto a mim, que Deus me livre de tais vaidades, pois basta-me o título de bispo, que já é por demais pesado e excelente, porém é um título das sagradas escrituras, legítimo e honroso.

 Deus nos abençoe
Mons. ++Dom Rodrigo Faddoul